Estão lendo lá fora #1

, em segunda-feira, 15 de outubro de 2012 ,
Depois de perceber que acabo lendo os lançamentos brasileiros alguns semestres antes das editoras sequer começarem a pensar em negociar os direitos de publicação, pedi para fazer uma coluna sobre livros internacionais. Bem-vindos ao:


A primeira série que pretendia colocar nesse novo quadro era Daughter of Smoke and Bones, da Laini Taylor. Acabei demorando demais para escrever e perdi a deixa, já que a Intrínseca lançou o livro recentemente com o nome Feita de Fumaça e Osso. Já que lançou aqui, não tem mais como eu ficar fazendo inveja falar dele como se fosse inédito no país (se bem que eu posso falar sobre a minha confusão com a tradução do título. Quero dizer, hello? Custava colocar Filha da Fumaça e dos Ossos? Custava? Isso é tipo, a ESSÊNCIA da história, queridos tradutores).

Enfim, como não adianta chorar o leite/a fumaça/o osso/que seja derramado, resolvi correr e falar de outra coisa ainda exclusiva do exterior antes que alguma editora espertinha lance e roube o meu trovão. E o livro - na realidade, a série que escolhi para chamar a atenção de vocês é até melhor do que a minha primeira opção: estou falando de Mercy Thompon, da Patricia Briggs!

Como a maioria não sabe disso, vou dar uma dica: a Briggs é a autora de um lançamento recente da Novo Século, Lobos Não Choram, da série Alpha & Omega, que é, olhem só, no mesmo universo de Mercy. Achei muitíssimo estranho terem começado a publicar Alpha & Omega antes de Mercy, aliás. Cronologicamente, os livros de Mercy Thompon começam antes de Lobos Não Choram, e ainda por cima estão intimamente ligados a eventos do livro um, Moon Called. Para mim, foi um errinho de estratégia da Novo Século, porque a Mercy é multíssimo mais cativante e funciona melhor como introdução ao universo sobrenatural urbano que ela criou.

Como eu não sou editora nem diretora da empresa para discutir mais ferrenhamente a respeito, vou me relegar à minha insignificância e falar só dos livros, que são o assunto da coluna. Antes de mais nada, vejam as capas divinas das edições americanas. Se Lobos Não Choram for alguma indicação, não serão as mesmas aqui no Brasil:


Se eu for dar a sinopse de cada livro, vou acabar metralhando spoilers sobre pessoas inocentes. Por isso, vou falar da protagonista e do mundinho corriqueiro e simplesinho dela. Not.

O apelido dela é Mercy, mas o nome completo é Mercedes Athena Thompson. E ela tem formação superior em História, mas é uma mecânica. De carros Volkswagen. Nem preciso dizer que "Mercedes, a mecânica de Volkswagen" é uma piada recorrente na série. Tem vinte e tantos anos e é decendente de índio norte-americano, da nação Blackfeet, e de irlandeses/alemães, o que fez com que ela ficasse com as cores e o cabelo dos nativos, mas com as feições anglo-saxônicas. Enfim, é uma moça bastante exótica.

E ainda nem falei o QUÃO exótica ela é.

Porque, veja só, a Mercy não é uma mulher como as outras. Não é porque ela sabe consertar motores ou diferenciar um radiador de uma bateria; nem a ascendência estranha de genes. O que a torna realmente rara e distinta de tudo é sua condição de animal peludo. E não, ela não é um lobisomem - mas ela pode se metamorfosear em um coyote quando bem entende.

Vocês já viram um coyote? Além daquele do Papa-Léguas? Olhem. OLHEM COMO UM COYOTE É LINDO.


Então, um belo dia, a mãe da Mercy olhou para o berço onde baby Mercy estava e, tchanram, se deparou com um desses:


(Escutei um "awwww"? Um "nhoooo"? Ou um "MÃE, ME DÁ UM"?)

Enfim, a mãe da Mercy logo percebeu que havia algo de errado com o quadro e contactou um parente que era um lobisomem para - opa, lobisomem? Pois é! Sabe Twilight, Vampire Diaries? ESQUEÇAM. Lobisomens da Patricia Briggs são MUITO mais próximos às lendas legais e ASSUSTADORAS que fizeram deles, sabe, MONSTROS DE TERROR. E existem muitos deles no mundo de Mercy, escondidos, na clandestinidade, ao contrário das fadas. É, as fadas se mostraram para o mundo na década de 80. Mas os lobisomens não, e a mãe da Mercy pediu ajuda de um deles para saber o que fazer com uma menina que vira coyote.

Resultado: Mercy cresceu em uma alcateia de lobisomens. Alguém aqui já teve a curiosidade de ler sobre matilhas? É uma estrutura familiar e hierárquica, com os lobos-alpha, sempre um casal, e uma sequência de lobos dominantes, seguidos dos submissos. E jogaram um coyote no meio deles, achando que ia ser uma boa ideia.

Bem, essa foi a infância da Mercy. Como disse ali em cima, a Mercy dos livros tem mais de vinte anos e já é uma adulta independente. Isso tudo que eu falei é deduzido no primeiro capítulo da história, antes da protagonista arranjar a primeira das INÚMERAS confusões que ela atrai O TEMPO TODO, inadivertidamente arrastando consigo Adam Hauptman, o alpha da alcateia das Tri-Cities, onde ela mora, Samuel Cornick, seu ex-namorado, lobisomem dominante de algumas centenas de anos, Zee, o gremlin que costumava ser dono da oficina da Mercy, Stefan, um vampiro que anda numa réplica da Mistery Machine do Scooby Doo e que não é tão maligno e serial killer quanto o restante dos vampiros do mundo... Bem, ela arrasta um monte de gente com ela. Porque ela é completamente doida, não sabe ser passiva, não acata ordens, e é leal até a última unha atolada em graxa.

Se você está cansado de ler YA sobrenatural cheio de frescuras e idealizações, esses livros são UMA DÁDIVA. Se você gosta de sobrenatural urbano, é obrigatório ler Patricia Briggs. Se você é mulher e está cansada de ver a protagonista pagar de donzela indefesa, leia. Se quer mergulhar em um universo de lendas e mistérios intricados e entrelaçados de forma consistente e bem feita, leia. Se quiser ter acessos de piriguetismo literário, leia.

Enfim, estou esperando ansiosamente a Novo Século lançar isso aqui. Se você não quer esperar, os e-books estão disponíveis na Amazon!

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