Resenha #52: O Silmarillion - J.R.R. Tolkien

, em quinta-feira, 26 de abril de 2012 ,


Nos Dias Antigos da Primeira Era, Fëanor, o mais talentoso artífice dos elfos, cria as Silmarils, três jóias perfeitas nas quais está contida parte da luz das Árvores de Valinor, o Reino Abençoado. Morgoth, o Senhor do Escuro, rouba as Silmarils e se refugia em sua fortaleza de Angband, no norte da Terra-média. Para recuperá-las, os altos-elfos travam uma guerra prolongada e sem esperanças contra o poderoso inimigo.

O Silmarillion descreve acontecimentos da Primeira Era da Terra-média, e é dividida em cinco partes: Ainulindalë (A música dos Ainur), que fala sobre a criação de Eä, o mundo por Ilúvatar; a Valaquenta (Relato dos Valar), fala sobre a natureza e as atribuições dos Valar e os Maiar, os seres poderosos que moldaram o mundo, bem como a relação destes com Morgoth, o Inimigo, e seu servo Sauron; o Quenta Silmarillion (A História das Silmarils), relata a criação e o roubo das Silmarils, que provocou a guerra dos elfos contra Morgoth; Akallabèth (A Queda de Númeror), fala sobre o esplendor dos humanos do reino de Númenor (Os Dúnedain) e sua queda, causada pelo orgulho de seus habitantes e pelas mentiras de Sauron, o Senhor do Escuro; e, finalmente, Dos Anéis de Poder e da Terceira Era, conta brevemente como Sauron criou os Anéis do Poder num plano para estender seu domínio na Terra-média e como os Povos Livres, ajudados pelos Istari (os Magos) puderam resistir ao poder do Senhor do Escuro e destruí-lo (esse relato é detalhado pelo autor na trilogia O Senhor dos Anéis).

RESENHA

(Notem que eu não vou usar nenhum dos termos bonitos que o Skoob incluiu em seu resumo. Encarem isso como um texto para leigos! E também como uma resenha de alguém que leu esse livro há meses.)

Quando você pensa que nada pode tão épico quanto O Senhor dos Anéis, vem O Silmarillion.

Vejam só, das obras do mestre J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis continua sendo a minha favorita. Diria, inclusive, que aqueles livros são a obra prima desse autor, e provavelmente encontraria milhares de leitores para concordar comigo. No entanto, dentro da mitologia tolkiana, O Silmarillion foi anterior ao Senhor dos Anéis - e se qualquer um de vocês já leu O Senhor dos Anéis, O Hobbit, ou mesmo viu os filmes de Peter Jackson, sabe que tudo na Terra Média "já foi muito mais estupendo e grandioso". Os elfos já foram mais nobres, mais belos e mais poderosos; os anões já construíram coisas magníficas das quais só sobraram ruínas durante a Batalha do Anel; os Ents já formaram florestas vivas e móveis por inteiro; e até o Sauron já havia sido ainda mais negro e mau do que era quando Frodo levou o Um até a Montanha da Perdição.

Adivinhem onde todas essas coisas "estupendas e grandiosas" são feitas e descritas. Isso aí, no Silmarillion.

Vou começar falando do fato que mais me impressionou quanto ao Silmarillion - e como a maioria esmagadora das pessoas neste plano de existência já leu ou assistiu O Senhor dos Anéis, vou até tomar a liberdade de soltar umas informações importantes do universo de Tolkien. Todos estamos habituados a considerar o Sauron como o útero maldoso do mal maligno de grande malvadeza, certo? Pois qual foi a minha surpresa quando eu descobri que o Sauron era, assim, de forma simplista, o MORDOMO do vilãozão de Silmarillion (tá, ele era o tenente do exército do cara, mas, para todos os efeitos, não fica muito longe de mordomo). Quero dizer, vocês podem imaginar alguma coisa PIOR do que o Sauron? O livro mostra que o Senhor das Trevas Morgoth era PIOR.

Só para começar, o cara não era simplesmente o Senhor dos Anéis, ele era um deus mau como o pica-pau que basicamente CRIOU o Sauron.

Tudo que vem do Silmarillion provocou um estranhamento semelhante em mim. Não que seja um sentimento ruim, longe disso. Só fiquei profundamente impressionada em notar que Tolkien pensou em seu épico do começo ao fim. E quando falo de começo, estou falando sério: os primeiros capítulos desse livro são a cosmogonia tolkiana, com seu panteão de deuses, a vinda dos elfos do Além-Mar, o exílio de Morgoth e Sauron... E ao longo desses eventos que explicam a criação da Terra Média, lemos alguns personagens famosos, como a Galadriel. Também é possível fazer um paralelo interessantíssimo entre a fantasia de Tolkien e suas influências cristãs.

No entanto, a parte do livro que me cativou de verdade não foi o mito da criação. Foi, obviamente, a história de amor da elfo Lúthien, a elfa mais amada, e Beren, o príncipe dos homens. Impossível não comparar a situação com Arwen e Aragorn, é claro, mas Lúthien e Beren foram os pioneiros nesse drama inter-racial. Boa parte do Silmarillion gira em torno deles, do amor sem limites que sentiam um pelo outro, e do fato de que fariam absolutamente qualquer coisa pela cara-metade. Mais precisamente, não havia muita coisa que ficava no caminho entre Lúthien e Beren, porque nem mesmo a morte (sério!) conseguiu chover nesse desfile. A mulher, opa, elfa moveu céus, terras e DEUSES para ficar com esse homem, e deixou até a Bella Swan no chinelo.

Claro que, como toda história de Tolkien, o final dos dois foi bem agridoce - mas só porque ele meio que contou a história deles até o fim, né, e todos sabemos que o único destino de uma vida plena é, obviamente, o final dela. Se bem que, considerando as marmotas que Lúthien fez para ficar com Beren, o final foi feliz, porque ela basicamente conseguiu o que ninguém mais nesse universo foi capaz de fazer, que é mudar o destino de um homem.

E no processo de fazer isso, ela matou lobos malvados e deu uma sova no Sauron, então, valeu MUITO à pena.

Aí vocês perguntam: e o que diabos é o Silmarillion do título? Então, as Silmaril são jóias muito ÉPICAS E GRANDIOSAS (noto uma repetição desses termos nesta review. Curioso, não?) criadas da essência de umas árvores que existiam Além-Mar, árvores essas que foram destruídas em um arroubo de maldade terrível de vilões sem coração. Só nesse resumo aí eu cortei 50% dos nomes e poesia envolvidos na história, porque, né, Tolkien. De qualquer forma, eram três gemas preciooocisssssimas que até estrelas podiam virar.

Mas no fim das contas elas eram só isso, mesmo: jóias.

Depois de conhecermos a histórias dessas pedras, o livro procede contanto mais sobre como várias das civilizações da Terra Média eram GLORIOSAS, até que caíram na ruína e no esquecimento. O interessante disso é que Tolkien explica como as coisas chegaram aonde estavam durante O Hobbit e O Senhor dos Anéis, explicando a ascensão de Sauron diante da derrota de seu mestre, a criação daqueles anéis legais que a gente tanto ama.

Recapitulando: O Silmarillion é um livro que tecnicamente fala sobre as Silmaril e aqueles que a fizeram/possuíram mas, no fim das contas, é a cosmogonia do mito de Tolkien e a história de amor precursora de Arwen e Aragorn.

Nota: 4/5
porque O Senhor dos Anéis é muito mais emocionante e, embora não tão GLORIOSO, é igualmente ÉPICO.

Larissa Galas

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