Persépolis - Parte 1

, em quinta-feira, 15 de setembro de 2011 ,
Guerra, guerra, guerra. A guerra levou o Império Persa à hegemonia e ao fracasso. Em seus escombros, erguido o meio do Oriente. E com os sentimentos conflitantes das guerras, há sempre o ser humano. E as crianças. E o que você diria se uma criança crescesse em meio aos conflitos de um tal Irã e contasse uma história de encher os olhos com metáforas e risos na guerra?
Esta é (quase) “Persépolis”, obra auto-biográfica historiada em quadrinhos de Marjane Satrapi lançada na França em 2002 e no Brasil pela Companhia das Letras em volume único de 2008). Satrapi, digo, Marji, a garota que nasceu para ser a nova avatar, a profetisa, a Filha de Deus (seguindo uma linha de raciocínio não tão infantil e sem ironias explícitas) é a guia em uma história que passa pela Revolução Islâmica (e suas razões) e que, com o mundo revirado, precisa tomar decisões difíceis e crescer em um novo ambiente, em que manter as raízes é essencial e ter participado de uma Revolução é cool.
Quem diria que a luta pela queda do Xá, um senhor malvado, político deposto pelas manifestações populares, levaria ao véu e ao fim do ensino do Francês na sua escola no Irã? Que as diferenças sociais impedem que sua empregada doméstica possa se apaixonar pelo vizinho da janela pelas diferenças sociais?
E para nós, os pobres leitores, quem diria que alguém um dia seria capaz de recontar uma história que muitos desconhecem de uma forma compreensível e, na medida do possível, doce? Como não abrir um pequeno sorriso quando Marji desiste de perfurar os dedos do amigo Ramin e, apesar de o pai dele ser assassino de um milhão, “você não tem nada a ver com isso! Eu te perdôo!”? Ou não se angustiar quando Alá desaparece momentaneamente em sua nuvem das noites de Marji porque, pelo visto, lutar pelos direitos das pessoas tomou as atenções da pequena profeta?
Aqui estou me focando nas primeiras partes deste contão de política, véu anti-sexualidade, cultura anti-Michael Jackson, fofura da infância em 1979... Mas voltarei depois com mais detalhes da HQ e do filme (sim, filme! Animação!). E antes de eu voltar, por favor, leiam sobre e, de preferência, comprem a HQ. Vale – muito – a pena. E abaixo o Xá!

Nota: 5/5.

Val Jr. (@vjtrick)

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